SaraGarcia.




“Abri os olhos com o susto. Sentia-me tão exausta e desnorteada que não tinha a certeza se estava a dormir ou acordada.
Algo voltou a arranhar a janela, emitindo o mesmo som fino e agudo.
Confusa e desnorteada com o sono, levantei-me. Dirigi-me à janela, aos tropeções, piscando os olhos para eliminar as lágrimas.
Uma figura enorme e sombria balançava, de modo irregular, do outro lado do vidro, avançando na minha direcção como se o fosse atravessar a qualquer momento. Recuei, a cambalear, apavorada, e com a garganta a apertar-se num grito.
Victoria. Viera buscar-me.
Eu estava morta. Charlie também. Não!
Contive o grito. Teria de aguentar calada. De alguma maneira, impediria Charlie de investigar...
Em seguida, uma voz rouca familiar, vinda da figura sombria, chamou-me.
 Bella! - Bradou. - Au! Raios, abre a janela! Au!
Precisei de alguns segundos para me libertar do pavor e conseguir mexer-me. Dirigi-me apressadamente até à janela e fiz com que o vidro desimpedisse a passagem. Apesar da luz fraca que iluminava as nuvens, conseguia identificar aquelas formas.
 O que estás a fazer? - Perguntei.
Jacob agarrava-se com dificuldade à copa do abeto que crescia no meio do pequeno jardim de Charlie. O seu peso vergava a árvore na direcção de casa. Encontrava-se pendurado, com as pernas suspensas a seis metros do chão e a menos de um metro de mim. Os finos ramos de extremidade da árvore voltaram a roçar a parte lateral da casa, emitindo um ruído desafinado.
 Estou a tentar cumprir... - irritou-se, mudando a distribuição do peso mal a copa da árvoreo fez saltar – a minha promessa !
Pisquei os olhos húmidos e turvos; subitamente, sentia-me certa de que estava a sonhar.
 Quando é que prometeste morrer por caíres da árvore?
Ele respirou, balançando-se sem achar piada, e mexia as pernas para se equilibrar.
 Sai da frente – ordenou.
 O quê?
E balançou as pernas para a frente e para trás, aumentando o impulso. Apercebi-me do que estava a tentar fazer.
 Não, Jake!
Desviei-me... já era tarde de mais. Com um gemido, lançou-se na direcção da janela aberta.
Começou a formar-se outro grito na minha garganta, esperando que a qualquer momento ele caísse para a morte – ou que se magoasse ao bater na parede. Para meu espanto, entrou agilmente no quarto, aterrando em bicos dos pés com um ruído surdo.
Ambos olhámos, automaticamente, para a porta, sustendo a respiração na expectativa de ver se o barulho teria acordado Charlie. Fez-se um breve silêncio e, depois, ouvimos o som abafado do seu ressonar.
Um largo sorriso rasgou, lentamente, a rosto de Jacob; ele parecia extremamente orgulhoso de si. Aquele não era o sorriso que eu conhecia e adorava – era diferente, uma espécie de amarga imitação da antiga sinceridade, num novo rosto que pertenciam a Sam.
Aquilo era de mais para mim.
Chorara até adormecer por causa daquele rapaz. A sua cruel rejeição abrira um novo e doloroso buraco no que restava do meu peito. “